quarta-feira, 20 de julho de 2011

Maconha X Câncer

            À medida que a ciência médica continua a explorar as propriedades curativas da cannabis, as pesquisas indicam que a planta possui diversas propriedades que reduzem o risco de câncer nas pessoas que a utilizam. Alguns cientistas acreditam que a cannabis possa ser a cura definitiva do câncer.
            A maioria dos fumantes de cannabis admite que, enquanto a cannabis é ótima para aliviar o que os aflige, ela certamente não pode ser boa para seus pulmões. Entretanto, experimentos realizados na Universidade da Califórnia (UCLA) sugerem que fumar cannabis pode, na verdade, prevenir o câncer de pulmão.
           O Dr. Donald Tashkin, pneumologista da Universidade da Califórnia, vem estudando os efeitos do hábito de fumar maconha desde a década de 80. Agências, institutos e usinas de idéias dos EUA frequentemente fazem referência ao seu trabalho.
           Ele realizou um estudo para determinar se havia um elo entre o câncer de pulmão e o hábito de fumar cannabis. Embora a fumaça da maconha contenha os mesmos elementos químicos cancerígenos do tabaco, o Dr. Tashkin descobriu que os componentes químicos da cannabis protegem o corpo humano contra o crescimento de tumores.
           Enquanto os pacientes que fumavam tabaco tinham uma probabilidade 20 vezes maior de desenvolver câncer de pulmão do que os não-fumantes, os fumantes de cannabis não apresentaram nenhum risco aumentado. Dr. Tashkin acredita que o THC, um dos componentes psicoativos da maconha, mata as células envelhecidas e doentes antes que os tumores possam se formar.
          Em outro estudo científico, realizado na Espanha, pesquisadores das universidades Complutense e Autônoma de Madri dividiram 30 ratos com câncer no cérebro em dois grupos. Um dos grupos recebeu infusões de THC para tratar a doença.
           O grupo não tratado morreu ao longo de duas semanas. Nove dos ratos tratados com THC viveram mais de um mês e três deles foram curados. Os cientistas acreditam que o THC causa a morte prematura das células cancerígenas, deixando as células sadias intactas.
            Em outubro de 2003, a revista médica Nature Reviews publicou um artigo escrito pelo Dr. Manuel Guzman, pesquisador de tratamentos de câncer mundialmente famoso, que discutia detalhadamente os efeitos anti-tumorais dos canabinóides. Os canabinóides estão entre os principais compostos químicos encontrados na maconha.
            O Dr. Guzman descobriu, após cuidadoso estudo, que os canabinóides atuam seletivamente sobre os tumores cancerígenos, destruindo-os e, ao mesmo tempo, evitando que as células saudáveis sejam danificadas.
            Outro estudo, conduzido por cientistas do Centro Médico California Pacific de São Francisco, também descobriu que o THC, em muitos experimentos, destruía as células cancerosas do cérebro sem prejudicar as células sadias.
            Os italianos também estão na marcha para curar o câncer com a cannabis. Em julho de 1998, uma pesquisa conduzida pela Academia Nacional de Ciências descobriu que os canabinóides previnem o crescimento de tumores nas células de pacientes afetadas pelo câncer de mama.
            Durante os anos 90, o governo federal dos EUA utilizou 2 milhões de dólares advindos de impostos para conduzir uma pesquisa sobre câncer em ratos e camundongos. Realizada pelo Programa Nacional de Toxicologia dos EUA, a pesquisa determinou conclusivamente que o THC protege as células contra o câncer.
           Ao chegar a esta conclusão, o governo federal dos EUA ocultou os resultados. O relatório vazou para a revista AIDS Treatment News e os resultados foram posteriormente publicados na mídia estadunidense, mas, apesar dos resultados positivos, o governo federal alega ainda ter que conduzir mais pesquisas.
           À medida que os EUA se abrem para a legalização, muitas pessoas podem testemunhar os efeitos benéficos da cannabis no tratamento de seus sintomas. Com a continuidade das pesquisas, tais descobertas vêm dar suporte aos movimentos de legalização.

Texto traduzido dehttp://ireadculture.com/2011/07/news/cannabis-as-cancer-cure/  escrito por Jasen T. Davis

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sidarta Ribeiro fala sobre Rebelião Instaurada

              O neurocientista Sidarta Ribeiro classificou o que está acontecendo mundo afora em relação à maconha como uma “rebelião instaurada”. Não são os políticos que estão mudando o status da maconha no planeta: são as pessoas, saindo às ruas ou levando a briga às instâncias mais altas dos tribunais. Nos Estados Unidos, doentes crônicos cujo sofrimento poderia ser aliviado com maconha já conseguiram legalizar o uso medicinal em 16 estados e no distrito federal. Na Espanha, uma briga no supremo levou a polícia a pedir desculpas e devolver erva apreendida a um coletivo de usuários, e garantiu o direito de grupos de pessoas sem fins lucrativos de plantar sua própria cannabis em grande escala, mesmo que para fim recreativos. Aqui no Brasil, esse grupo oprimido há décadas comemorou há pouco o reconhecimento do Supremo de que, numa democracia, não se pode proibir a expressão de ideias contrárias à proibição.
Sidarta é respeitado no mundo todo por suas pesquisas sobre sonho pela Universidade Duke, dos EUA, e hoje é chefe de laboratório do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, o ambicioso centro de pesquisas criado do Rio Grande do Norte para ser referência mundial nos estudos do cérebro. Ele diz que a pesquisa sobre endocanabinóides, as substâncias naturais do cérebro que têm o mesmo efeito da maconha, vive uma era de ouro.
                    Essa área praticamente não existia há uma década e meia, em parte porque a proibição tornava a pesquisa praticamente impossível. Hoje está ficando claro que os endocanabinóides provavelmente guardam as respostas para vários dos maiores mistérios da biologia humana. Câncer, doenças auto-imunes, estresse pós-traumático, dor crônica, distúrbios do apetite, doenças degenerativas do cérebro como Alzheimer e Parkinson, esquizofrenia: quase tudo que a medicina compreende mal tem alguma ligação com o tal sistema endocanabinóide. Nossa sociedade criou um tabu com uma substância e, por causa desse tabu, uma área inteira da medicina deixou de se desenvolver.
Sidarta adoraria pesquisar endonabinóides. Com o talento dele para pesquisa e um tema quente como esse, podia dar Nobel. Mas isso não vai acontecer. Aqui no Brasil, ele não consegue importar as substâncias químicas necessárias para esse tipo de pesquisa. Sem pesquisa, o potencial medicinal fica inexplorado e os riscos da droga aumentam.
                       Esse é só um entre os muitos efeitos indesejados da proibição. Além disso, a sociedade toda paga o custo de ficar permanentemente enxugando gelo. A proibição enriquece bandidos, piora a qualidade da droga, causa problemas de saúde, superlota as cadeias, corrompe a justiça, impede a polícia de trabalhar na prevenção de crimes sérios, espalha a violência. Não estou dizendo aqui que a maconha não faça mal. Faz. Mas a proibição amplifica esse mal e causa muitos outros.
É impossível diminuir sensivelmente o uso de maconha com repressão, como mostrou a ótima análise econômica feita no livro Drugs and Drug Policy, escrito de forma desapaixonada e racional por três especialistas em política pública. Eles mostram que a grande maioria das transações com maconha é feita por redes sociais, não por traficantes desconhecidos. A polícia jamais vai conseguir impedir que amigos dêem coisas para amigos. Nem se houver câmeras em cada quarto do mundo. É por isso que a proibição dá tão errado.
                         São essas redes informais que, ajudadas pela internet, estão começando a se rebelar contra o status quo. Elas contam com apoios de peso, em especial ex-governantes do mundo todo, que sabem que a proibição, embora seja boa para manipular medos e ganhar votos, torna a vida real de administrar o país um pesadelo.
                      Tudo indica que é só o começo. Sidarta está otimista. “Acho que a proibição vai cair mais rápido do que se pensa. Quando desabar, vai ser que nem o Muro de Berlim. Quem sabe começa por aqui.”

Por Denis Russo Burgierman em http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/drogas/rebeliao-instaurada/